"Me, Myself and I"

"Me, Myself and I"

8.12.08

Adeus...Alçada Baptista:(

Faleceu ontem um dos meus escritores portugueses favoritos...
A minha mãe diria que eu comecei a ler tarde...realmente não passei a infância a ler....preferi andar na rua, a brincar com os vizinhos, a subir as árvores.
Li alguns livros, dos quais a minha mãe me obrigava a fazer fichas de leitura e outros tantos pela escola, mas todos os que li nessa altura me marcaram e quando mais tarde decidi pegar nos livros, peguei em todos aqueles que devia ter lido e tenho a certeza que os entendi muito melhor mais tardea e ainda continuo a ler e a entender de outra forma alguns dos livros que são considerados "Clássicos", já diz a Marília.
"Conheci" Alçada Baptista já com alguns anos...estava na ilha de Santa Maria e tive oportunidade de conhecer um rapaz fantástico, Professor de Música - Rafael Gomes, Riif ou Rafa para os amigos, que andava a ler este livro.
Pedi que mo emprestasse quando terminasse, e confesso que fiquei totalmente apaixonada pela escrita e por esta história. Os Nós e os Laços é profundo, absorvente, comovente e real. Fala-nos das relaçoes entre as pessoas,da morte, do abandono, da relação que alguns de nós temos com Deus, de amores e desamores, de desencontros , de fins e de começos... no entanto, o que mais me tocou foi a sensibilidade feminina (que o autor sempre disse que possuia), e o que tentou transmitir sobre a falta de tempo que temos, nos dias que correm (para ele já algumas décadas) para estarmos uns com os outros!Poder ligar a um amigo para partilhar com ele uma alegria (uma compra de uma casa) ou uma tristeza (o fim de algo) não é tão facil como pode parecer...aliás estamos todos tão ocupados com as nossas vidas, os nossos problemas, que vamos adiando o encontro com as pessoas...e um dia, olhamos para trás e já o passou o tempo "delas".
Lembro-me que deste livro me ficou uma frase sobre o relacionamento de um rapaz com algumas raparigas, e o que uma amiga lhe disse, no fim do seu namoro com a Inês( um fim bonito que nunca é feita desta forma) que ele lhe lembra o Teorema de Passolini:"Quem dorme contigo, fica a olhar a vida doutra maneira".
Depois deste livro, encontrei em casa (afinal tivemos uma livraria) mais 3 livros dele: Tia Suzana, Meu Amor, Catarina, ou Sabor da Maça - sobre uma relação doentia-e o Riso de Deus.
A caminha do meu primeiro ano de aulas na Madeira, conheci um rapaz no Aeroporto, David da Covilhã, que no meu aniversário me ofereceu "Tecido de Outono".
Espectacular também...afectos, afectos, afectos.
Afinal...todos precisamos de um abraço e de muito afecto. Um Abraço Alçada e muito Obrigada

Um comentário:

Anônimo disse...

Perdeu-se mais uma candeia que iluminou o pequeno grande salão de cultura do nosso Portugal e da Língua Mátria.
Homem fora do seu tempo, teve desde cedo uma dedicação ao ser humano dito "fraco".
Humanista, Feminista e sobretudo, um SENHOR que tratou a língua que o Sr. D. Dinis tanto se empenhou em fazer valer como real e realenga, após o esforço de seu pai, o Sr. D. Afonso de Borgonha, Portugal e Algarves em a fazer redigir aos tabeliães..
Alçada faz par6te da minha infancia adolescencia..
Meu pai comprava livros em alfarrabistas por serem baratos e o dinheiro lá em casa ser uma coisa rara. Lembro de, ainda a treinar as primeiras de letras, ler umas coisas de Alçada. de depois, no Ciclo, ler textos de sua autoria e, já me Barroso, de na Biblioteca Itinerante da GulbenKian eu ler uma obra dele, cujo nome n posso agora precisar.. mas lembro de ter rido, chorado e ter tido raiva de um personagem :(
Eu e a mania de viver as estórias da narrativa..
Espero, não, tenho a certeza que onde quer que seja o céu dos escritores, Alçada Batista tem um lugar de destaque e será, sem dúvida, um nome que não será esquecido na historiografia da Língua Portuguesa.